Um grupo de militares do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e do Rio de Janeiro retornou nesta quinta-feira (4) do Haiti, em voo da Força Aérea Brasileira (FAB), depois de quase três semanas de ajuda humanitária na capital Porto Príncipe. O resultado do trabalho da equipe foi o salvamento de três pessoas e 57 corpos resgatados dos escombros, eles relataram com orgulho o resgate de uma mulher de origem espanhola com vida e do corpo de uma brasileira.
Um dos mais experientes na equipe, o tenente-coronel Rogério Alvarenga, 23 anos de carreira, lembrou o momento em que se deparou com o pai da brasileira, sozinho, escavando os escombros em busca da filha. Já no resgate da espanhola, nas ruínas de um hotel, Brasil, Colômbia, Espanha e Peru trabalharam juntos.
“O país não tem nada, infraestrutura nenhuma. Quando chegamos, percebemos realmente a necessidade das equipes de resgate. O trabalho é árduo e vai continuar por pelo menos seis meses”, destacou. Questionado se os diferentes idiomas das equipes têm dificultado a ajuda humanitária, ele respondeu: “A linguagem de salvamento é universal”.
Os equipamentos utilizados pelos bombeiros cariocas nas operações de resgate no Haiti foram determinantes para o sucesso dos trabalhos, segundo o tenente-coronel Ricardo Loureiro. "Com a tesoura hidráulica, pudemos cortar ferros e vergalhões que impediam a chegada da equipe nas vítimas. Ajudamos também bombeiros de outros países, que não tinham equipamentos tão modernos", disse.
A equipe foi a mesma que trabalhou em Angra dos Reis, litoral sul do Estado, após os deslizamentos de terra que mataram 53 pessoas no final do ano passado. "O grupo foi direto para o Haiti participar das missões. Chegando lá, começamos as buscas. Entre os bombeiros do mundo todo, fomos os únicos que participaram do trabalho 24 horas."
O primeiro sargento do DF, Kléber Alves dos Santos, 20 anos de carreira, explicou que o maior choque não foi o cultural, mas o de dar conta de que não havia um grupo de pessoas e sim um país inteiro precisando de auxílio. Ao relembrar a quantidade de escombros e de corpos nas ruas de Porto Príncipe, ele admitiu que não era bem esse o cenário que esperava encontrar.
“Nossa equipe foi treinada para resgatar vítimas em escombros. Nosso treinamento é limitado a uma teoria e quando a gente encontra uma situação mais prática, com quilômetros de ruínas e odores pela cidade, não dá para descrever. É muito chocante”, contou.
Santos fez parte da equipe responsável pelo transporte da espanhola resgatada com vida dos escombros. “A única palavra que posso usar é felicidade por encontrar, em um amontoado de pedras, uma vida”, disse. Ele relatou que os bombeiros chegaram a ficar chocados com os tremores secundários que atingiram o Haiti nos dias seguintes ao terremoto, mas disse que sabia que aquilo era apenas “um arrepio da terra” quando comparado ao que foi registrado no dia 12 de janeiro.
Para o sargento Sebastião Júnior, 16 anos de carreira, a missão no Haiti foi cumprida com orgulho. Ele descreveu o país como um lugar onde nada funcionava e que, agora, ficou em situação ainda pior e disse que o cheiro de morte ainda está por toda a cidade. “Me orgulho de ser bombeiro, de ter ido nessa missão porque essa não vou esquecer para o resto da minha vida”, finalizou.
O salvamento da enfermeira Jean Baptiste, grávida de três meses, foi feito pelo grupo carioca, quatro dias após o desastre. O coronel Marcelo Canetti foi quem socorreu a enfermeira haitiana. "Assim que conseguimos tirar um de seus braços dos escombros, a colocamos no soro para hidrata-lá. Quando soubemos que ela está grávida, ficamos ainda mais felizes", afirmou Canetti.
Com informações da Agência Brasil
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